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terça-feira - 18/11/2025

Sei que vou morrer”: mulher acusa ex, subtenente da PM, de ameaças e agressões em Campo Grande

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O que começou como amor, agora se transforma em terror para Cleonice Miranda, de 50 anos, que vive ciclo de violência com o ex-companheiro, em Campo Grande. Como visto em diversos outros casos, a medida protetiva não passa de mero documento.

Cleonice Miranda se casou em 2015 com um subtenente da Polícia Militar, de 43 anos. Segundo ela, os primeiros meses foram de aparente tranquilidade — até o momento em que o comportamento do marido começou a mudar. “Me casei em 2015 e, após poucos meses, ele começou a mudar de comportamento. As pessoas diziam que ele tinha muito ciúme, que era inseguro. Fui empurrando as situações até que os tapas começaram”, relata.

O que parecia ser apenas ciúmes se transformou em anos de violência psicológica, física e patrimonial. “Eu sofri muito tratamento de silêncio, humilhações, chantagens. Depois vieram os tapas, as ameaças contra meus filhos. Ele dizia que o fim deles seria a cadeia.”

Em 2019, Cleonice desenvolveu problemas de saúde e passou a usar medicação controlada. Segundo ela, o marido manipulava as doses para dopá-la, o que intensificava o controle e a violência. “Durante o ato sexual, ele me batia. Dizia: ‘Se você não deixar eu te bater, você terá que me bater’. Ele só sentia prazer se houvesse violência”.

Aos poucos, Cleonice começou a perder o controle sobre a própria vida. “Em 2020, troquei de psiquiatra e comecei a reagir. Foi aí que ele ficou mais agressivo. Ameaçava meus filhos, dizia que tinha todos os meios para fazer maldades. Eu não tinha para onde correr”.

Em 2023, ela conseguiu denunciar o subtenente à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), mas a sensação de segurança nunca veio. “A própria Polícia Militar o defende, encobre o caso. Uma vez fui depor, e quando cheguei lá ele já estava avisado, com um pelotão inteiro. Fiquei em estado de choque”.

A mulher diz que teme ser morta. “Estou à mercê da morte. Tenho certeza que vou morrer. Minha família vive trancada dentro de casa, escondida como se fôssemos bandidos. Ninguém pode sair. Estou pedindo socorro para continuar viva. Sei que vou virar estatística”.

Roubo em Ponta Porã

O episódio mais recente ocorreu em 21 de outubro de 2025, em Ponta Porã, onde Cleonice estava a trabalho, como representante comercial. Enquanto atendia clientes em uma loja, teve o carro invadido e o notebook furtado, sendo o único item levado, apesar de dinheiro e outros objetos terem sido deixados para trás.

Imagens de segurança mostram três suspeitos em um veículo seguindo a vítima. Um deles desceu, abriu o carro de Cleonice, retirou a mochila e entregou a outro homem. Pouco depois, devolveram a bolsa, sem o computador.

O notebook continha senhas bancárias e arquivos de trabalho, e Cleonice acredita que o furto tenha sido encomendado pelo ex-marido. “Na delegacia da mulher me disseram que não foi um roubo comum. Paguei uma escolta particular para conseguir voltar viva para Campo Grande”.

Denúncia

Antes do crime em Ponta Porã, Cleonice já havia enfrentado outro golpe: a padaria que mantinha no bairro Moreninhas, em Campo Grande, foi lacrada pela Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) por supostas irregularidades. Ela acredita que a denúncia partiu do ex-companheiro. “Era minha fonte de renda. Depois da denúncia, perdi tudo. E ainda tenho imagens de um amigo dele, durante a madrugada, retirando os lacres da padaria. Isso pode me prejudicar ainda mais, porque mexer nos lacres é crime”.

Para Cleonice, o objetivo é destruir sua vida. “Ele quer me ver sem trabalho, sem dignidade, sem voz. Ele não pode me ver feliz. Até com meus netos ele era violento, pegava as crianças pelas orelhas e arrastava, só para me ferir”.

Ameaças e histórico de intimidação

Além de Cleonice, outras pessoas próximas ao homem relataram episódios de perseguição e desequilíbrio. Um boletim de ocorrência de 2023 mostra que ele chegou a invadir o restaurante da ex-esposa, também policial militar, e do atual marido dela, em Campo Grande. Nervoso, o subtenente rondava o local e ameaçava o casal, o que motivou novos pedidos de medidas protetivas de urgência.

Mesmo afastado judicialmente, ele teria violado a distância mínima imposta pela Justiça. “Ele diz que mora perto da minha casa, dentro dos limites da medida protetiva. Ou seja, está me vigiando no trabalho e em casa”, denuncia Cleonice.

Ela afirma que o irmão do ex-marido, também policial, se transferiu para trabalhar próximo ao comércio da família dela, em junho deste ano. “Toda a família dele apoia o que ele faz. Estamos cercados”.

Hoje, Cleonice vive sendo perseguida e vigiada pelo ex, e tenta sobreviver sem a proteção do Estado. “Não confio mais na Polícia Militar. Eles o protegem. Já fiz boletins em 2023, em julho de 2025 e agora em outubro, mas nada muda”.

Mesmo em meio ao medo, ela mantém a esperança de ser ouvida. “Estou desesperada, mas quero viver. Quero justiça. Ele é um psicopata”.

Leia mais em: https://www.topmidianews.com.br/policia/sei-que-vou-morrer-mulher-acusa-ex-subtenente-da-pm-de/230376/

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