Seis meses depois do acidente na BR-060 que matou uma mulher e três de seus filhos, o menino Otávio Leite Saraiva, de 12 anos, único sobrevivente, passou por uma nova cirurgia complexa na última quinta-feira (20) no Hospital do Pênfigo, em Campo Grande. O procedimento durou cerca de seis horas.
Otávio havia iniciado recentemente a fisioterapia e apresentava progresso na mobilidade, utilizando apoio para caminhar. A cirurgia tinha como objetivo remover parafusos das pernas, joelhos, tornozelos, fêmures e cotovelo, mas durante o procedimento os médicos identificaram um problema na perna esquerda, impossibilitando a retirada completa dos implantes.
Para corrigir a complicação, foi necessário fraturar novamente o fêmur da perna direita e reposicionar a estrutura óssea, garantindo segurança futura. O garoto está em casa, mas deve permanecer acamado por pelo menos dois meses para recuperação adequada. Segundo a equipe médica, a intervenção era indispensável para evitar agravamento do quadro.
Como os procedimentos especializados pelo SUS enfrentam longas filas – a retirada dos parafusos só estaria disponível em 2026 -, a família decidiu realizar o tratamento de forma particular, arcando com os custos de honorários médicos, medicamentos, fisioterapia e equipamentos. Para ajudar a manter o tratamento, foi iniciada uma campanha de arrecadação. As doações podem ser feitas diretamente para a avó de Otávio, Joana da Costa Leite, pelo telefone/PIX: 67 99844-7608.
Segundo o site Região News, com os recursos arrecadados até agora, já foi possível comprar medicamentos e uma bota ortopédica para aliviar a dor do garoto.
A família de Oldiney Centurion Saraiva, pai de Otávio, tem se revezado para fornecer suporte emocional e prático. A avó do menino, Dona Joana, passou a morar com eles desde o falecimento de Adriely Leite Lopes, mãe das crianças. Parentes de Bonito Jardim também visitam com frequência, principalmente nos fins de semana, garantindo que Otávio não enfrente o luto sozinho.
Oldiney retomou recentemente suas atividades profissionais, alternando entre o trabalho e a volta para casa, como forma de manter a mente ocupada, mesmo diante da dor da perda.
O acidente
O acidente ocorreu em 6 de abril, quando a família retornava de Sidrolândia para Campo Grande. O carro em que estavam foi atingido de frente por um Corsa conduzido pelo mecânico David Lopes Queiroz, que invadiu a pista contrária ao tentar ultrapassar uma carreta.
No impacto, Drielle Leite Lopes, de 36 anos, e três de seus filhos, Helena Leite Saraiva, de 10 anos; João Lúcio Leite Saraiva, de 2 anos; e José Augusto Saraiva, de 3 meses, morreram na hora. Sobreviveram Oldiney Centurion Saraiva e o filho mais velho, Otávio.
Segundo testemunhas, David não utilizava cinto de segurança, foi arremessado para fora do veículo e havia consumido cocaína antes de dirigir. Além disso, o mecânico não possuía CNH.
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